sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Estepe: ter ou não ter, eis a questão!


   O pneu sobressalente, também conhecido por estepe, equipa quase a totalidade dos automóveis vendidos no Brasil (a exceção são alguns importados, como o smart, alguns bmw, lamborghini...).

   Com o avanço dos pneus e a melhora da pavimentação de nossas estradas e ruas (sim, melhorou!), eu ficava pensando se ainda necessitávamos carregar quase 20kg a mais entre roda, pneu, macaco, chave de roda pra todo canto (algum paranoico poderia fazer o calculo pra nós e descobrir quanto gastamos a mais de combustível por ano por causa disso, e qual o impacto no desempenho do carro) afinal, quanto menos peso carregarmos, melhor!
   Na Europa e EUA, há diversas opções para o caso de pneu furado. Em alguns carros são usados os estepes temporários, o conjunto roda/pneu é bem fino e além de ocupar menos espaço e ser mais leve, também custa menos, mas tem a limitação de velocidade (não deve exceder os 80km/h). Em outros, vem um kit de reparo, um spray que, injeta um gel no pneu (através do bico), esse gel tampa o furo e o pneu pode ser enchido novamente com um compressor portátil.
 
   Outra opção são os pneus runflat que podem rodar murchos por vários km sem avaria a estrutura. Normalmente podem rodar cerca de 100km mas sem ultrapassar os 80km/h. Esses pneus são cerca de 30% mais pesados que os convencionais, o que anula a questão do peso do estepe, sobrando apenas a vantagem de liberar espaço.
   No Brasil, a lei obriga que os carros fabricados aqui tenham estepe com as mesmas dimensões dos demais pneus. A primeira vista, pode parecer um tremendo desperdício, e eu assim imaginava, até que tive algumas experiencias nos últimos dias...
   A primeira delas foi no trajeto entre Curitiba e Lapa-PR, num trecho que normalmente se trafega a velocidades entre 100/110km/h havia uma fila de carros trafegando a 70km/h sem nenhum carro a frente. Após algumas ultrapassagens (complicado pois é pista simples, com poucos pontos de ultrapassagem e a maioria dos motoristas não mantém a distância para o carro da frente que permita ser ultrapassado -desrespeitando o item II do art. 30 do Capitulo III do CTB) descubro que o “tranca-rua” é um Ford Fusion novinho que, provavelmente, estava estreando o estepe de uso temporário. Era bem esquisito ver aquele carro largo, com pneus largos e vistosas rodas de liga em 3 rodas e uma “roda de bicicleta” no lugar da 4a roda.

   Depois disso, numa viagem ao interior do interior do Piauí, rodando numa estrada de terra, sábado a noite, depois de um temporal, sofrendo pra não atolar um pobre Gol g5 eis que um dos pneus fura. Dai entendi a lei “ultrapassada”: imagina tentar atravessar um atoleiro com um daqueles pneus de bicicleta? Ou imagina que o destino está a 200km e você não vai achar nenhuma borracharia aberta pra remendar seu pneu (mesmo que fosse um runflat!) Imagina que não foi um simples furo mas sim um rasgo e o kit de reparo de emergência não serve pra nada? Agora, imagine que aonde você está, nem sinal de celular tem?

   Pois é... infelizmente ainda precisamos de um estepe com as mesmas medidas dos pneus de uso, que pode ser trocado e garantir a mesma dirigibilidade do carro.
   Em regiões mais privilegiadas como no Sul e Sudeste, runflat, kit de reparo ou simplesmente um celular com o telefone de um guincho resolvem o problema, agora, no interior do interior... só o bom e velho estepe volumoso, pensado e seus parceiros macaco e chave de roda!

Daniel Caldeira

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